Nem homem nem mulher, Croquettes!

Em meio ao regime militar, uma época complicada para a gente da nossa laia, os Dzi Croquettes surgem no inicio dos anos 70, traduzindo esse momento sangrento da história em um cabaré abrasileirado de toque afrescurado. Lingerie, plumas, pancake, salto alto, as personagens subiam ao palco, metiam a boca, denunciavam, cantavam, dançavam e davam o truque nos militares, com um discurso tão consistente e poético, que passavam desapercebidos pela censura. De uma originalidade que desafiava as convenções sociais, um grito pela liberação da sexualidade e do corpo, os Croquettes traziam conceitos e confrontavam preconceitos.

Eles flertavam com a androginia, mostravam o corpo e causavam confusão na cabeça de quem via, "nem homem nem mulher croquettes". Eles desenvolveram uma estática muito original, da precariedade do improviso à sofisticação coreográfica, do burlesco à bossa nova, com figurinos inéditos, a arte dos Dzi foi viva e empolgante. Muito afrontosas para sua época, esses croquettes deliciosos, ficaram mundialmente famosos, conquistaram o mundo, e todo mundo. Elis Regina cantou um bolero para ser coreografado por eles, inclusive a diva de"Cabaret " Liza Minnelli ,que fez coreografias e participações no show.

Eles fizeram história no teatro brasileiro, assim como na luta pela igualdade, foram e são referência para a cultura LGBT mundial.

Quase todos os integrantes já estão mortos, nos anos 80, alguns deles foram vitimas da AIDS,porém antes disso lutaram contra o preconceito.e ativamente pela democracia.

Em 2009 foi lançado o documentário homônimo, dirigido por Tatiana Issa & Raphael Alvarez, sobre a trajetória dos Dzi,conta com muitas entrevistas, apresentações raríssimas gravadas na ditadura, e vários esclarecimentos conceituais sobre a obra dos Croquettes. Vale Muito a pena, o filme tem uma trilha maravilhosa, fotografia genial e abocanhou diversos prêmios em 2009, 2010, 2011.

Dzi Croquettes (2009) Filme Completo

Sinopse: Dzi Croquettes – Direção de Tatiana Issa e Raphael Alvarez (Brasil, 2009). Com depoimentos de Gilberto Gil, Nelson Motta, Pedro Cardoso, Miguel Falabella, Ney Matogrosso, Marília Pera, Cláudia Raia, Liza Minnelli, entre outros. O documentário resgata a trajetória dos atores/bailarinos que se tornaram símbolos da contracultura ao confrontar a ditadura usando a ironia e a inteligência. Os espetáculos revolucionaram os palcos com performances de homens com barba cultivada e pernas cabeludas, que contrastavam com sapatos de salto alto e roupas femininas. O grupo se tornou um enorme mito na cena teatral brasileira e parisiense nos anos 70.

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