Intercâmbio moda e arte.
- Johnny Liberato
- 22 de nov. de 2016
- 2 min de leitura
A moda e a arte participam de esferas distintas no que diz respeito à plástica e funcionalidade, porém, apesar de serem distintas, apresentam pontos intercambiáveis. Na arte e na moda encontramos o processo criativo e a transfiguração de uma conceito em materialidade, fatores que podem transgredir os limites entre as duas áreas.
O artista plástico e o fashion designer, utilizam-se de uma ideia, que através de técnicas e recursos, materializa-se bidimensionalmente ou tridimensionalmente. Outra coisa que tem em comum entre a moda e a arte, é que elas estão interessadas no espirito do tempo, com a diferença que a arte nos veste por dentro e a moda nos veste por fora: É justamente quando a moda consegue atingir o íntimo de quem a olha, que o seu significado muda, o que antes era produto agora tem um discurso visual autônomo, e propicia ao espectador um diálogo, agora ela é arte também.
Nas imagens acima temos a COMME des GARÇONS, que propõe uma nova ideia de corpo, a partir das estruturas geometrizadas, muito inspiradas pelos figurinos da Bauhaus, assim como pelos origamis de papel. Em seguida temos duas peças de Alexander Mcqueen, sendo uma delas inspirada pelas distorções espaciais de Escher, e a outra inspirada na obra burlesca e sombria de Joel Petter Witikin. Esses são bons exemplos da arte servindo de cama para a moda.
É claro que existem fatores como o mercado, e a finalidade a que se destina o vestuário, se é um figurino ou um produto comercial, neste ultimo é mais difícil que o objeto de arte se apresente, o mais comum é que um objeto de arte ou a obra de um artista seja cooptada pelo produto modal, sendo então uma releitura de fins comerciais de uma obra de arte.
Salvador Dalí Arthur Bispo do Rosário Flávio de Carvalho
Quando artistas plásticos se propõem a criar peças de vestuário, encontramos uma diversidade plástica, que por vezes sentimos falta no mundo restrito da passarela, as discussões e os discursos se ampliam, pois o objetivo não está em vender, ou vestir celebridades, ou mesmo fazer moda, por tanto, as vezes dá certo, as vezes nem tanto.
Salvador Dalí foi muito envolvido com a moda e desenvolveu o vestido esqueleto, feito de crepe, preenchido com uma técnica de estofamento para formar os "ossos", pretendia mostrar mais do que a própria pele pode revelar, a estrutura do corpo. Arthur Bispo do Rosário, preparou o manto do juízo final, afim de se apresentar para Deus, quando morresse. Quando ele morreu a roupa não foi com ele para o céu, mas está como patrimônio de um museu, serve. Temos também Flávio de Carvalho, que pretendia fazer "a roupa ideal", bem, parece que também não deu certo, mas vale para exemplificar.
Vamos continuar sempre retomando essa relação entre arte e moda aqui no blog, então fique atenta!
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